segunda-feira, 27 de julho de 2015

MINHA AMADA BRASÍLIA - ENTRE A DESIDRATAÇÃO E O MOFO


Minha amada Brasília
Entre a desidratação e o mofo

Gedilene Lustosa


Neste finalzinho do mês de julho já começo a ter miragens de chuva. Ontem jurei que aquelas nuvens escuras no céu eram a formação de algumas gotinhas que cairiam na nossa esturricada terra.
Cheguei a imaginar o efeito das escassas gotículas sobre minhas plantas.  Resultado muito mais eficiente do que qualquer água com que tento socorrê-las. Imagino o balanço diferente de cada folhinha ao sentir a novidade que cairiam sobre elas.  
Persegui com o olhar todas as nuvens, tentando decifrar o trajeto, o formato, o resultado.  Poderia apostar em algumas gotinhas ontem.
Nada que algumas duas horas não fizessem desaparecer da minha imaginação e do céu.  Nenhuma nuvem agora pra contar essa história de fantasia e miragem de ontem. Na verdade, no aplicativo do tempo marca uma probabilidade de chuva de apenas... apenas... míseros 3%. Só 3%. Nada mais por hoje, nada mais para julho. Fique sabendo.
Brasília faz isso com a gente.  Durante a seca faz você desejar, com muita força, não é mesmo um desejo que você abra mão. Você deseja a chuva. Ah, a chuva... queria sentir o seu cheiro, ouvir o seu barulhinho. 
Mas é assim... Quando estiver com a casa mofada, lá nos meses de março, abril, você vai desejar a seca. Pode confessar. Já desejou a seca. Só não faça essa revelação agora.  Não no meio dessa seca. Se alguém ouve pode apelar com você.  Como pode torcer contra a chuva?  Absurdo!! 
Mas posso assegurar que alguém deixou espaçar uma reclamação por tanta chuva em fevereiro e março. Posso contar tendo como referência a vida de uma das minhas orquídeas. Ela passou a ser minha em agosto de 2013. Quando suas flores caíram eu esperei a chuva chegar para plantá-la na árvore.  Foi tudo bem com ela naquele verão.  Vou aproveitar para abrir um parêntese (Porque chamamos o período chuvoso de Brasília de verão? E a seca de inverno?) Essa divisão de estações definitivamente não é para Brasília. 
Bom... voltemos à orquídea. Passou bem a primeira temporada de chuva, mas na primeira seca tive que agir.  Coloquei um recipiente para preservar mais água nela.  Estava ficando desidratada. O problema é que o recipiente ficou lá e depois veio a chuva. E foi muita chuva. Resultado: ela teve mofo cinzento. Perdeu as flores, foi ficando manchada de preto.  Tirei o reservatório da umidade. É, acho que minha orquídea, naquela oportunidade desejou um pouquinho de seca. Só um pouquinho... porque ninguém deseja essa seca extrema. Você quer só que as coisas sequem um pouquinho. 
Mas a mesma orquídea que sofria de mofo, desidratou semana passada. Tive que desempenhar um papel de enfermeira de planta. Procedimento rigoroso, como quem não pode perder o horário do remédio para evitar a UTI. Ela já saiu do quadro mais grave da desidratação, mas tá lá novamente desejando chuva. Assim como eu.
Mas espere... É só final de julho. Ainda teremos agosto.  O mais mal falado dos meses. Não sei o por quê?  Será que é por que a unidade do ar cai a 15, 14, 13%? Será que é devido as queimadas nas reservas ambientais? Não tem nenhum feriado? Tem praticamente cinco semanas de seca intensa? Ou por que é em agosto que surge o medo da raiva canina? Eu defendo o mês de agosto. Não só pelo meu aniversário, mas principalmente porque após agosto vem setembro. Ninguém reclama de setembro. Só porque no calendário, o dia 21 é dedicado à árvore e o dia 23 ao início da primavera?  Pois não me lembro que tenha chovido, nos últimos anos, em Brasília, nestes dias.
É minha gente, setembro também queima, é a última fase da seca, quando as miragens de chuva estão mais presente em você.  É quando o seu desejo por chuva está mais forte.
Mas, ela virá, não se preocupe, basta você atravessar agosto e setembro cuidando das desidratações. Depois disso... venha chuvinha, venha!!
O que desejo agora? Chuva!! Eu quero muita chuva e um até um pouquinho de mofo.






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